Em livro, Cunha diz que Lula se arrependeu de não ter impedido reeleição de Dilma; conversa foi na casa de Joesley
Em seu livro “Tchau, Querida: O Diário do Impeachment”, que será lançado oficialmente amanhã, Eduardo Cunha diz que Lula se arrependeu de não ter impedido a reeleição de Dilma Rousseff e que tinha “verdadeiro pavor” de José Eduardo Cardozo, braço-direito da petista na Presidência.
“Às vésperas da votação da abertura do processo de impeachment na Câmara, tive uma longa conversa com Lula, na residência de Joesley Batista, em São Paulo. Na ocasião, Lula tentou que eu revertesse a situação do impeachment. Ele ouviu de mim que, naquele momento, isso seria impossível, mesmo que eu quisesse.”
E complementa:
“Lula, em um acesso quase de desespero, com a voz embargada de um choro contido, me disse que o grande erro dele foi não tê-la impedido de disputar a reeleição e ter sido ele o candidato. Respondi que sim, que ele deveria ter sido o candidato. Teria sido facilmente eleito e não haveria impeachment em um governo seu, porque ele era da política e jamais deixaria a situação chegar ao ponto que chegou. Lula concordou comigo.”
Em outro trecho, o ex-presidente da Câmara, hoje em prisão domiciliar, diz que a conversa “foi cheia de bons momentos, com Lula sempre bem-humorado, bebendo e beliscando os salgadinhos que Joesley buscava”. Cunha conclui que “Dilma, com sua ambição, além de se enterrar, foi a coveira do PT”.PUBLICIDADE
Em entrevista a O Antagonista, Danielle Dytz da Cunha, que ajudou o pai na elaboração do livro, corroborou a versão e disse que “o maior golpe foi dado pela Dilma, a partir do momento em que Lula quis disputar a eleição e ela não deixou”.
“Depois de reeleita, ela isolou todo o quadro político de Lula e formou com Cardozo uma dupla dinâmica”.