Romeu Tema tenta corrigir declaração infeliz sobre Nordeste, mas prints revelam o teor
O Estadão mudou o título da entrevista concedida pelo governador de Minas, Romeu Zema (Novo), mas é impossível amenizar o sentido político do que disse.
Originalmente, lia-se:
“Zema anuncia frente Sul-Sudeste contra o Nordeste e quer direita unida contra a esquerda”.
Agora, quem acessar encontra:
“Zema anuncia frente para ‘protagonismo’ do Sul-Sudeste e quer direita unida contra a esquerda”. Esqueceram das vaquinhas.
Zema afirma, segundo o jornal:
“Temos o Grupo do Cossud. Na verdade, ele já existia, mas nós formalizamos o Consórcio Sul, Sudeste, que reúne os 7 Estados das duas regiões. A cada 90 dias, nós nos encontramos para trabalharmos de forma conjunta. A última reunião foi em Belo Horizonte. Tem muita coisa que um Estado faz melhor que o outro. Também já decidimos que além do protagonismo econômico que temos, porque representamos 70% da economia brasileira, nós queremos – que é o que nunca tivemos – protagonismo político. Outras regiões do Brasil, com Estados muito menores em termos de economia e população se unem e conseguem votar e aprovar uma série de projetos em Brasília. E nós, que representamos 56% dos brasileiros, mas que sempre ficamos cada um por si, olhando só o seu quintal, perdemos. Ficou claro nessa reforma tributária que já começamos a mostrar nosso peso. Eles queriam colocar um conselho federativo com um voto por Estado. Nós falamos, não senhor. Nós queremos proporcional à população. Por que sete Estados em 27, iríamos aprovar o quê? Nada. O Norte e Nordeste é que mandariam. Aí, nós falamos que não. Pode ter o Conselho, mas proporcional. Se temos 56% da população, nós queremos ter peso equivalente.”
Fica evidente que o “presidenciável” Zema propõe, sim, a união de Sul e Sudeste contra o Norte e o Nordeste.
“Ah, mas não foi isso o que ele quis dizer”. Não cabe à imprensa corrigir o que afirma um político em nome do que ele pretenderia afirmar. Numa entrevista, o jornalista pergunta, e o entrevistado responde. Se a transcrição é honesta, o dito está dito.
Voltemos, pois, à fala de Zema.
Ele deu um exemplo de alinhamento dos sete Estados do Sul e do Sudeste contra o Norte e o Nordeste — a única imprecisão do título original, assim, está em não ter incluído também a Região Norte. Ademais, Zema não é um qualquer nessa área .
No segundo dia do 8º Encontro da Cossud, o tal Consórcio Sul-Sudeste, ele já havia nos premiado com o seguinte raciocínio de finíssima economia política:
“Temos aqui uma semelhança enorme. Se tem estados que podem contribuir para esse país dar certo, eu diria que são esses sete Estados aqui [das regiões Sul e Sudeste]. São Estados onde, diferente da grande maioria, há uma proporção muito maior de pessoas trabalhando do que vivendo de auxílio emergencial”.
A fala do Governador de Minas Gerias gerou reações e críticas de lideranças do Nordeste, como o ministro Flávio Dino (Justiça), até de conterrâneos mineiro como Aécio Neves, que aproveitou para criticar a postura do governador de seu estado
TL