CVN BRASILGeral

Ex-presidentes somam R$ 3,4 milhões em despesas de viagens desde 2019

Entre 2019 e 2021, os ex-presidentes da República José Sarney, Fernando Collor de Mello, Fernando Henrique Cardoso, Michel Temer, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff gastaram, juntos, R$ 3,4 milhões em despesas com seguranças e assessores que os acompanharam em viagens nacionais e internacionais, de acordo com dados da Secretaria-Geral da Presidência da República, obtidos pela CNN via Lei de Acesso à Informação.

As despesas estão previstas em lei e são pagas pela Presidência da República, que cobre apenas os salários, passagens e diárias dos seguranças e assessores, e não as dos ex-presidentes, que devem pagar as viagens com recursos próprios.

As despesas de segurança e apoio a Lula e Dilma em viagens somam R$ 2,2 milhões e são maiores do que as de todos os demais ex-presidentes somadas. Sarney, Collor, FHC e Temer gastaram, juntos, R$ 1,2 milhão no mesmo período. Veja o gráfico abaixo:

A legislação vigente estabelece que os ex-presidentes podem contar com os serviços de até quatro seguranças, dois motoristas e mais dois assessores, além de ter dois veículos à disposição. A lei 7474 foi aprovada em 1986, durante o governo de José Sarney.

Posteriormente, a lei foi alterada e regulamentada nos governos de Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso e Lula. Desde 2020, tramita no Congresso Nacional o projeto de lei 3328/20, que visa limitar o valor e o número de seguranças e/ou assessores que acompanham os ex-presidentes em viagens.

Viagens mais caras

Em novembro de 2021, o ex-presidente Lula visitou países europeus e se encontrou com chefes de estado. Os gastos com os seguranças e assessores que acompanharam o presidente Lula nesta viagem chegaram a R$ 314 mil, o que torna o maior gasto com ex-presidentes para a Presidência da República no período analisado.

Na ocasião, Lula se encontrou com o presidente da França, Emmanuel Macron, para falarem sobre geopolítica, desafios do mundo pós-pandemia e questões ambientais. O ex-presidente também se encontrou com líderes da Alemanha, Espanha e discursou no Parlamento Europeu.

Outra viagem em destaque de Lula foi sua visita a Cuba, em dezembro de 2020, que durou cerca de um mês. Na ilha, o presidente e parte de sua equipe foram diagnosticados com Covid-19 e precisaram cumprir um período de quarentena. A viagem dos seguranças e assessores que acompanharam o ex-presidente no país caribenho custou R$ 182 mil à Presidência.

A ex-presidente Dilma Rousseff fez duas viagens que custaram mais de R$ 150 mil cada à presidência, em despesas com a equipe de apoio. A primeira para Nova York, em janeiro de 2019, com custo de R$ 196 mil. A segunda à Europa, que teve valor final de R$ 156 mil.

O ex-presidente Michel Temer registrou a viagem mais cara além de Lula e Dilma. As despesas com seus seguranças e assessores chegaram a R$ 56 mil durante sua visita a Dubai, em novembro do ano passado, na qual participou de encontros com autoridades, empresários e investidores. Nos três anos desde que deixou a presidência, Temer gastou ao todo R$ 214 mil com servidores em viagens.

A viagem mais cara do ex-presidente Fernando Collor de Mello, que renunciou ao cargo em dezembro de 1992, em meio a um processo de impeachment, foi para Maceió, em dezembro de 2020, e custou R$ 18,9 mil. As despesas com viagens do atual Senador por Alagoas chegam a um total R$ 826 mil entre 2019 e 2021.

José Sarney e Fernando Henrique Cardoso são os ex-presidentes que menos gastaram com seguranças e assessores em viagens nos três anos analisados pela reportagem. Sarney gastou R$ 132 mil ao todo, e sua viagem mais cara, para Portugal, em 2019, custou R$12,6 mil. Já Fernando Henrique Cardoso gastou um total de R$ 60,1 mil e sua viagem mais cara, para Miami, em 2019, teve despesas de R$ 13,6 mil.

Salários de servidores

Fora as despesas com viagens, a Secretaria-Geral da Presidência informou também os gastos federais com salários dos seguranças e assessores dos ex-presidentes.

O valor total chega a R$ 15,3 milhões em três anos. A equipe da ex-presidente Dilma Rousseff é a que custou mais caro à Presidência, com um total de R$ 2,8 milhões. Já os salários dos seguranças e assessores de Lula tiveram os menores valores, com R$ 2,2 milhões no total.

Os demais ex-presidentes tiveram gastos em torno de R$ 2,4 a R$ 2,7 milhões no período analisado. Os totais foram: Sarney R$ 2,4 milhões; Collor R$ 2,4 milhões, FHC 2,7 milhões e Temer R$ 2,5 milhões.

Os valores apresentados na reportagem foram atualizados pela inflação até fevereiro de 2022. Para o cálculo, foi utilizado o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IBGE).

Posicionamento dos ex-presidentes

Em nota, a equipe do presidente Lula informou à CNN que nas viagens à Europa e Cuba o ex-presidente Lula se encontrou com 3 chefes de estado (da Alemanha, França e Espanha) e altos dirigentes da União Europeia. A nota afirma ainda que são despesas do estado brasileiro com segurança e apoio de ex-presidentes definidas por lei.

A assessoria do ex-presidente Sarney afirmou que o presidente não se manifesta sobre esse assunto. No entanto, esclarecem que “a lei determina que os ex-presidentes da República têm direito a ser apoiado por um grupo de servidores. Essa lei não é uma excentricidade do Direito brasileiro, mas corresponde às que existem em outros países. O presidente Sarney não tem suas viagens custeadas pelo Estado. Não houve — nem poderia haver — nenhuma despesa adicional, mas simplesmente o custo de passagem em classe econômica e diária tabelada. Toda e qualquer despesa extra foi custeada pelo presidente Sarney ou por quem o acompanhava”.

O assessor de imprensa do presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que Fernando Henrique é o ex-presidente mais econômico. O motivo da viagem para Miami foi para que ele recebesse o título de doutor honoris causa da Universidade de Miami.

A equipe do ex-presidente Michel Temer informou que ele está fora do país e que, por isso, não conseguiria responder à reportagem.

CNN entrou em contato com as equipes da ex-presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Fernando Collor de Mello, mas não recebeu retorno até a publicação da reportagem.

Piancó - LGNET

Artigos relacionados

DEIXAR UM COMENTÁRIO

Política de moderação de comentários: A legislação brasileira prevê a possibilidade de se responsabilizar o blogueiro ou o jornalista responsável por blogs e/ou sites e portais de notícias, inclusive quanto a comentários. Portanto, o jornalista responsável por este Portal de Notícias reserva a si o direito de não publicar comentários que firam a lei, a ética ou quaisquer outros princípios da boa convivência. Não serão aceitos comentários anônimos ou que envolvam crimes de calúnia, ofensa, falsidade ideológica, multiplicidade de nomes para um mesmo IP ou invasão de privacidade pessoal e/ou familiar a qualquer pessoa. Comentários sobre assuntos que não são tratados aqui também poderão ser suprimidos, bem como comentários com links. Este é um espaço público e coletivo e merece ser mantido limpo para o bem-estar de todos nós.
Botão Voltar ao topo