Lula, Bolsonaro e seus orçamentos secretos
Na campanha, para se contrapor a Bolsonaro e apontá-lo como fisiológico, o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva bateu sem piedade no orçamento secreto. Eleito, pagou R$ 9 bilhões em emendas negociadas pela gestão anterior. Os recursos estavam “pendurados”, uma vez que foram negociados por meio de emendas do relator-geral, o RP9, também conhecidas como orçamento secreto.
Ontem, véspera da votação da reforma tributária, o petista liberou R$ 5,3 bilhões em emendas Pix, que igualmente detonou quando candidato, para carimbar o Governo Bolsonaro de imoral e aliciador de deputados. Emenda Pix é um recurso indicado por deputados e senadores e enviado por Estados e municípios sem transparência e sem fiscalização.
Com a decisão do Palácio do Planalto, o dinheiro está pronto para cair na conta das prefeituras e governos estaduais. A liberação ocorreu em um momento crucial para o Palácio do Planalto, após o retorno do presidente de uma viagem à Argentina e com a presença de uma legião de deputados, senadores, governadores e prefeitos em Brasília para negociar a reforma tributária.
O governo é obrigado a pagar as emendas, mas controla o momento da liberação e age para evitar um caos na articulação política. Por um lado, o governo tenta chegar a um acordo comum com os líderes políticos para a aprovação de projetos de temas da agenda econômica. Ao mesmo tempo, tenta conter o Centrão. O bloco faz chantagens e ameaças em busca de verbas e cargos. O grupo comandado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), cobiça até o controle do Ministério da Saúde.
Todo governo é assim. Lula não é diferente de Bolsonaro, que o antecedeu. Para ganhar votos e parecer honesto diante do eleitor, o presidente recorre ao discurso do encantamento de serpentes, mas quando se elege usa todo tipo de expediente, inclusive fecha os olhos para escândalos e roubalheira.
Potiguar News