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No semiárido, covid-19 só é descoberta quando a morte leva um sertanejo

O ano de 2020 parecia marcar uma redenção para o sertanejo. A chuva tão esperada nos últimos tempos voltou a cair acima de média, os reservatórios estão mais cheios e as plantações vão bem — como não ocorria há anos.

Mas a chegada do novo coronavírus fez o morador do semiárido enfrentar um drama: a proliferação da doença em uma região marcada pela falta de estrutura de saúde.

Sem testes e com poucos hospitais e médicos, pequenas cidades da região só descobrem a covid-19 quando alguém adoece gravemente e, muitas vezes, morre da doença.

Levantamento feito pelo UOL com dados do Comitê Científico do Consórcio Nordeste, do dia 27 de abril, aponta que das 51 cidades da região que registravam apenas mortes pela doença (ou seja, contabilizavam a morte como primeiro caso, sem outros registros), 34 eram do semiárido.

Motivos que ajudam a explicar o fenômeno: o cultural, que faz com que muitos não procurem serviços de saúde antes do agravamento da doença, o desrespeito às medidas de isolamento social ou mesmo a dificuldade para obter informações de qualidade.

Mas o maior desafio é que no semiárido — região mais seca do país que inclui 1.133 municípios de oito estados do Nordeste e norte de Minas Gerais — falta estrutura para tratar a covid-19.

Dados do CNES (Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde) de fevereiro mostram que as cidades do semiárido contam com 1.237 leitos de UTI (Unidade de terapia intensiva) para atender os 22 milhões de habitantes. Apesar de ter 10,5% da população brasileira, a região fica só com 3% dos leitos do país.

Piancó - LGNET

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