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Um dos mais populares homens públicos de Itaporanga, ex-vice-prefeito Zé Barros faleceu nesta segunda em João Pessoa…

Faleceu nesta segunda-feira (22), às 8h30, em João Pessoa, aos 97 anos, o ex-vice-prefeito de Itaporanga José Barros de Sousa, um dos mais populares homens públicos na ‘Rainha do Vale’ de outrora. Foi fotógrafo de profissão, um dos pioneiros na região, cuja arte foi passada a seus discípulos Cícero Lopes (meu pai de criação), de quem foi colega e amigo por uma vida inteira, e Damião Ferreira Neves (seu filho de coração – herdou o “Barros” no nome), atual ouvidor municipal que deu a notícia mais cedo.

Natural de Diamante, então distrito de Itaporanga, Zé Barros disputou sua primeira eleição em 1972, como candidato a vice-prefeito de João Franco, não obtendo êxito. Dez anos depois, voltou a disputar na mesma condição e desta vez foi vitorioso junto com o mesmo João Franco, com apoio do então deputado Soares Madruga. Com gestão bastante conturbada, João Franco foi cassado, mas Zé Barros não. Com altíssima popularidade, lançou em 1986 o filho Eládio a deputado estadual e mesmo com esmagadora votação foi batido de frente pelo líder Soares Madruga.

Diante da votação estrondosa que o filho obteve na eleição pra deputado, dois anos depois (em 1988) Zé Barros decide disputar a prefeitura contra o ‘esquemão’ que foi buscar no empresariado um nome com robu$$tez pra enfrentar a parada. Surgiu então na política o bem-sucedido homem de negócios Will Rodrigues que já havia sido Chefe do Escritório e depois Gerente da Sambra, em (sede) Itaporanga e em Acari (RN), depois como Inspetor da empresa na PB, PE, CE e RN. Will, na época, era tão bem-sucedido quanto o atual prefeito Divaldo Dantas (empresário do ramo têxtil local), quando surgiu em 2016. Único na história, Will foi prefeito (gestor aprovado) de Itaporanga por dois mandatos (1989-1992 / 2001-2004).

Pois bem, em 1988, num pleito bastante disputado, que ainda tinha na disputa o ex-prefeito Marleno Barros, Zé Barros acabou derrotado por Will. Houve na época um arrastão “Fofa-Chão” do Conjunto Chagas Soares até a cidade, que ficou na história política do município. Eu tinha perto dos dez anos de idade e nada entendia do que ocorria quando o assunto era comentado em casa: (minha família de criação amiga e íntima de Zé Barros, enquanto, minha família de sangue amiga e íntima de Will, ambas até os dias atuais). Muito bom quando a política não destrói amizades.

Comícios de Zé Barros causavam assombração, nunca se via tanta gente entusiasmada como os seus seguidores. Mais Will venceu àquele pleito por uma maioria inesperada de votos, recorde para a época (mais de um mil votos). Por fim, descobria-se que a multidão que acompanhava Zé Barros eram de Boqueirão dos Cochos (Igaracy), Caiana, Diamante e Serra Grande. Foi a primeira vez que ouvi observadores falando num termo tão usado na política: “cobras d’água’. Funcionou já ali (como hoje em dia) a entrada na disputa de uma $olução de fora da política. Isso é história, conhecimento pra geração atual.
A partir de então, Zé Barros deixa de vez a vida pública. Sua última aparição com políticos em Itaporanga, que me lembre, foi em setembro de 2014 quando há poucos dias para a eleição recebeu em seu escritório o então candidato ao Senado José Maranhão (que venceu o pleito) e o então senador Vital do Rego, atual ministro do Tribunal de Contas da União, que disputava o Governo do Estado, quando faziam uma caminhada pela feira-livre.

Enfim, o que poderia ter sido uma vida sem sobressaltos transformou-se num percursos fascinante, por suas opções políticas, sua coragem, sua firmeza e resistência. Já dizia o poeta: “Uma vida longa dá para tudo!”. Zé Barros foi uma das reservas morais da ‘Velha Misericórdia’. Do seu casamento com dona Antônia Henrique Barros, casaram-se ainda jovens, aos 17 anos e alguns meses, tiveram juntos uma prole de 10 filhos: Penha, o professor Damião, Mª de Lourdes, Carminha, o neurologista Dr. Erasmo (um dos mais destacados da Paraíba nesta área), a pediatra Drª Magna, Assis, o meteorologista Eládio e Francisca; além de muitos netos, bisnetos… Sempre dizia: “Abaixo de Deus a fotografia foi quem me deu tudo”. E dela tirou o sustento para criar e manter essa prole, com dignidade e correção.

 

Há alguns anos, mesmo resistindo a insistência da mulher e filhos que já residam na Capital, passou a morar em João Pessoa para ficar ao lado da família. O velório acontece na Central de Velório Morada da Paz, na Avenida João Machado, e o sepultamento será nesta terça-feira (23), às 9h, no Cemitério Senhor da Boa Sentença, em João Pessoa.

 

Blog do Ricardo Pereira

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